Bivalvia (Mollusca) devonianos do Brasil: taxonomia e estratigrafia

Autores

  • Deusana Maria da Costa Machado Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, UNIRIO, Rio de Janeiro, RJ
  • Renato Pirani Ghilardi Universidade Estadual Paulista, UNESP, Bauru, SP
  • Izabelle Bezerra Universidade Estadual Paulista, UNESP, Bauru, SP

Palavras-chave:

Bacia do Parana, Bacia Parnaiba, Bacia Jatoba, Bacia Amazonas

Resumo

Apesar de conhecidos desde o século XIX, estudos sistemáticos de Bivalvia ainda enfrentam grandes desafios devido a problemas de preservação de caracteres diagnósticos e maior número de espécimes por táxon. Algumas espécies são bem conhecidas e abundantes, por outro lado a maioria está representada por poucos exemplares ou mesmo apenas por seu holótipo. Assim, muitas continuam consideradas inválidas segundo o Código de Nomenclatura Zoológica Internacional. Aqui discute-se os problemas taxonômicos existentes no grupo Bivalvia do Devoniano no Brasil, enfatizando a biodiversidade, posicionamento estratigráfico e distribuição geográfica em quatro bacias sedimentares intracratônicas - Amazônica, Paraná, Parnaíba e Jatobá. Foram identificados 77 táxons, sendo 66 distribuídos em duas subclasses, três infraclasses, 18 famílias e 30 gêneros, acrescidos de 11 espécies em discussão taxonômica supraespecífica. Dos bivalves estudados, 10 ainda não possuem epíteto específico, demonstrando a necessidade de estudos mais acurados para o táxon. A maior diversidade encontra-se na Bacia Amazônica, com 39 espécies, seguida pela Bacia do Paraná (24 espécies), Bacia do Parnaíba (11 espécies) e Bacia do Jatobá (oito espécies). Há compartilhamentos de alguns táxons entre pelo menos duas a três bacias, assim como a diversidade de certo gênero para determinada bacia. Isso pode ser evidenciado principalmente, pelos gêneros: Palaeoneilo e Grammysioidea entre as bacias do Amazonas, Parnaíba e Paraná; Cypricardella e Sanguinolites entre as bacias do Amazonas, Paraná e Jatobá; Nuculites (Nuculites) pelas bacias do Parnaíba, Paraná e Jatobá; e Spathella, pelas bacias do Amazonas, Parnaíba e Jatobá. O maior complartilhamento de gêneros foi observado entre as bacias do Amazonas e Paraná (sete gêneros), seguido das bacias do Amazonas e Parnaíba (cinco gêneros), das bacias do Amazonas e Jatobá (quatro gêneros), bacias do Parnaíba e Paraná (três gêneros) e bacias Parnaíba e Jatobá (dois gêneros). Isso pode ter se dado devido à maior diversidade de bivalves na Bacia do Amazonas, assim como os eventos de aquecimento marinho e de extensas trangressões marinhas do Devoniano Médio e Superior registrados. Em relação às espécies, Spathella pimentana, Grammysioidea lundi, Sanguinolites(?) karsteni e Cucullella triquetra são encontradas tanto em afloramentos da Bacia do Amazonas quanto na Bacia do Parnaíba, enquanto a espécie Nuculites aff N. oblongatus nas bacias do Parnaíba e Jatobá, o que revela estreita conexão entre estas bacias durante o Devoniano.

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Publicado

2021-12-24

Como Citar

MACHADO, D. M. da C.; GHILARDI, R. P. .; BEZERRA, I. Bivalvia (Mollusca) devonianos do Brasil: taxonomia e estratigrafia. Terr@ Plural, [S. l.], v. 15, p. 1–69, 2021. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/tp/article/view/19838. Acesso em: 20 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Temático Palaios 20 anos – Paleontologia Estratigráfica