G.H., MULHER DO FIM DO MUNDO

Autores

  • Clayton Rodrigo da Fonsêca Marinho UFRN

Resumo

Este texto aborda a obra A paixão segundo G.H., de Clarice Lispector, tomando-a a partir de um trabalho de escrita literária pensado como operação de produção do sensível na existência. Um trabalho que, mais do que produzir sentidos ou gerar interpretações que nos ajudariam a entender o mundo, fazem mundos, produzem formas próprias, capazes de atribuir configurações diferentes à existência e ao seu pensamento. No caso da obra de Lispector, tal processo dá-se não pela construção de um novo mundo qualquer, mas pela derrisão das definições e das finalidades desse mundo, cuja possibilidade manifesta- se no encontro entre G.H. e a barata. Tal relação opera, então, uma altercação não apenas de G.H. com o animal, mas a colocação em questão da existência da humanidade, na medida em que ela se faz paradigma dessa relação. Para tanto, operamos por meio de quatro registros, evidenciando como desdobramento o procedimento dessa possibilidade: desabamento, aberto, devir e informe, partindo de autores como Giorgio Agamben, Gilles Deleuze e Felix Guattari e Georges Bataille. Mais do que uma parada da possibilidade de entender a humanidade em G.H., deparamo-nos com uma máquina reterritorializante profundamente deslocada, fora do humano e fora do sentido.

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Publicado

2021-04-01

Como Citar

FONSÊCA MARINHO, C. R. da. G.H., MULHER DO FIM DO MUNDO. Muitas Vozes, [S. l.], v. 9, n. 2, p. 509–533, 2021. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/muitasvozes/article/view/16883. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Centenário de Clarice Lispector: vida, obra e recepção crítica