O espanto meta-histórico de Nuno Bragança
Resumo
O esforço radical de transformação partilhado mais ou menos difusamente pelo ocidente ao longo dos anos 60 teve no Maio de 68 francês uma síntese a partir da qual se pode dimensionar o radicalismo das atitudes dos envolvidos – um ponto de chegada necessariamente explosivo daquilo que, nos âmbitos cultural e ideológico, andava nas cabeças e nas bocas. O cenário português daquele período, marcado pelas tensões internas definidas pela guerra de descolonização associada à ditadura, dá bem a medida dos termos em que se deu o diálogo com o contexto francês de 1968, já que as questões próprias à realidade nacional conferiam à movimentação um considerável lastro de especificidade. Relativamente à produção cultural à volta do Maio de 68 e do 25 de Abril, a leitura da obra de Nuno Bragança (autor ligado à luta anti-salazarista, residente em Paris de 1968 a 1972) auxilia na compreensão de tal especificidade, bem como da abrangência e limite do que se passou naquele momento histórico.
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